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Binau | confronting mass conformity | unbreakable principles | happiness within uniqueness

Wozen Exhibition | The Absence of Awareness: Fluor, Concrete, Lava

The portuguese Binau, also known in civil society as Bernardo Coelho, is the youngest resident of the first Winter Class. Born in 1990, he started drawing figures in secondary school and later graduated from the Communication Design course at FBAUP, where he learned for the first time the power of images on individuals. This ignited a creative spark that leads him into the winding road of art making. 

Binau started to paint his creatures onto walls, found objects and any kind of flat surface he could easily find, like cardboard and ink can covers, which he often sold in street fairs of Lisbon along  selfmade tee shirts, pins and hacked postcards. His unmistakable cartoonish aesthetics, heavily grounded on 90`s and 00`s skateboard graphics began to draw attention. In 2015 he was invited for a residency at Galeria Circus Network, in Porto, which was followed by exhibitions at Galeria Abraço and Shiki Miki Gallery and a new residency in Logery, France. 

Binau`s visual vocabulary is deceiveing, since it can only be correctly understood after a deeper investigation of his peculiar personality. His collorful hair, customized clothes and bold tattoos build a rebellious punk rock presence that attracts automatic attention and surprises. Like everything that stands out from the common standard, it often provokes two opposite reactions: curiosity or rejection, fight or flight!

His creations usually follows the same psychological pattern: As one decides to take the curiosity path and fights to search deeper into his character, all superficial impressions and assumptions about Binau and his work quickly vanish, unreavelling a sensitive collorful young human being of unbreakable principles and vast and complex imagination. “My work focus on character creation, mainly monsters and creatures with rainbows on their armpits that drip euphoria through their 13 nostrils, with extatic and delusional faces, filled with uncomprehensible feelings that can never be described in writing.”

The signature use of vivid colors and sharp appropriations sets a friendly counterpoint to his powerful and unreserved content, never intended to project feelings on the viewer, but only to be an honest expression of Binau`s own fantastic reality. The artwork then becomes an invitation to the viewers to imagine the expression of their own hidden emotions, but always favouring a refreshing comic approach instead of a grim analysis.

Binau gives birth to creatures we can relate and sympathize, because they are sarcastic portrays of his own particular thoughts, which are often shared by a large part of his generation. He is an artist brave enough to expose his darkest corners, but smart enough to never loose his good humor in the process. Just like his monsters, Binau is an outsider that never compromises to other peoples expectations. They can always find comfort and happiness within their uniqueness, a valluable lesson in these times of artificial digital lives and mass conformity.  

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  O português Binau, também conhecido na sociedade civil como Bernardo Coelho, é o residente mais jovem da primeira Turma de Inverno. Nascido em 1990, ele começou a desenhar figuras na escola secundária e mais tarde se formou em Design de Comunicação pela FBAUP, onde aprendeu pela primeira vez o poder das imagens sobre os indivíduos. Esta percepção iniciou uma centelha criativa que o levou a   perseguir o sinuoso caminho da arte.

Binau começou a pintar suas criaturas em muros, objectos encontrados e qualquer tipo de superfície plana que ele pudesse encontrar facilmente, como cartolina e tampas de latas de tinta, e regularmente as vendia em feiras de rua de Lisboa com suas camisas, pins, auto colantes e postcards hackeados. Sua inconfundível estética de cartoon, fortemente ancorada nos gráficos de skate dos anos 90 e 2000, começou a chamar atenção e, em 2015, ele foi convidado para uma residência na Galeria Circus Network, no Porto, que precedeu exibições na Galeria Abraço e na Shiki Miki Gallery, bem como uma nova residência em Logery, na França.

O vocabulário visual de Binau é enganoso, pois apenas pode ser correctamente entendido após uma investigação mais profunda de sua peculiar personalidade. Seu cabelo colorido, roupas customizadas e grandes tatuagens constroem uma presença punk e rebelde que automaticamente atrai atenção e surpresa. Como tudo que se destaca do padrão comum, muitas vezes provoca dois tipos opostos de reação: curiosidade ou rejeição, luta ou fuga!

Suas criações geralmente seguem o mesmo modelo psicológico.  Se a decisão é pelo caminho da curiosidade e luta-se por uma investigação mais profunda de sua personalidade, todas as impressões e suposições superficiais sobre Binau e seu trabalho rapidamente desaparecem, revelando um jovem ser humano sensível e colorido, com príncipios inquebráveis e uma vasta e complexa imaginação. “O meu trabalho centra-se principalmente na criação de personagens, mais concretamente – criaturas e monstros com arco-íris nas axilas que pingam euforia pelas suas 13 narinas, com faces extasiadas e delirantes, repletas de um sentimento indiscritível que não é compreensível e de maneira alguma transmissível pelo texto que escrevo.”

Seu característico uso de cores vivas e afiadas apropriações formam um contraponto amigável ao seu conteúdo poderoso e sem reservas, nunca com o propósito de projetar qualquer sentimento ao espectador, mas apenas ser uma expressão honesta de sua fantástica realidade. O trabalho então se torna um convite ao público para que este imagine suas próprias emoções veladas, porém sempre a favorecer uma refrescante abordagem cômica, ao invés de uma sombria análise.

Binau concede vida a criaturas que podemos relacionar e simpatizar, pois são retratos sarcásticos dos seus próprios pensamentos particulares, que muitas vezes são compartilhados por uma grande parcela de sua geração. Ele é um artista corajoso o suficiente para expor suas esquinas mais escuras, e inteligente o suficiente para nunca perder o bom humor no processo. Como seus monstros, Binau é um estranho que nunca compromete suas crenças frente às expectativas alheias. Eles conseguem sempre encontrar conforto e felicidade em sua singularidade, uma valiosa lição nestes tempos de vidas digitais artificiais e conformismo em massa. 

“Á minha volta observo como a dor se manifesta como um potenciador da necessidade crescente da virtualização da própria vida e de um claro distanciamento do mundo real. Esta alianação não nos permite um contacto profundo com o que nos rodeia incluindo os outros, a matéria e a própria luz. O confronto e questionamento da dor, que a todos nos toca, será a solução para alcançarmos a iluminação, o esclarecimento e uma percepção genuína de quem somos. No trabalho que desenvolvi durante os três meses de residência abordei temas como a dor e o sofrimento, a ascenção e o nirvana com humor reconhecendo que é esta a minha melhor ferramenta para confrontar medos e frustrações, emoções que nos são comuns. Vendo a religião como parte constituinte da nossa História e cultura, como um causador de sentimentos de culpa e arrependimento mas também sendo um elemento que pode aproximar as pessoas de sensações como a iluminação, achei que seria uma base de trabalho pertinente para o que pretendia ilustrar, resignificando-a através de cenários absurdos. O que pretendo com isto é não só questionar os lugares onde procuramos a fé e o caminho para a elevação como propor outras vias para lá chegarmos. ” Binau

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